Ceratocone é uma doença não inflamatória progressiva que afeta a córnea, tornando-a mais fina e com formato cônico, sendo também chamado de ectasia corneana. Há influência de fatores genéticos no surgimento do ceratocone, mas em 90% dos casos a doença aparece sem nenhum histórico familiar.
É muito frequente sua associação com quadros de alergia ocular, pois o fato de coçar os olhos repetidamente (característica típica da alergia) pode desencadear o desenvolvimento do ceratocone ou agravá-lo. O ceratocone também é mais comum em pacientes portadores de Síndrome de Down, Síndrome de Marfan e Prolapso da Válvula Mitral.
O principal sintoma da doença é a diminuição da acuidade visual causada pelo astigmatismo irregular. Nos casos iniciais, pode-se corrigir o embaçamento visual com óculos, mas com o avançar da doença, são necessários outros recursos para a melhora da visão, tais como lentes de contato, principalmente as rígidas gás-permeáveis.
O diagnóstico, geralmente feito na adolescência, é realizado quando há suspeita da presença de astigmatismo irregular, o qual é confirmado com a realização de uma Topografia Computadorizada da córnea (exame que mostra o formato e elevação da córnea). Existem 4 graus de ceratocone: I – incipiente; II – leve; III – moderado; IV – avançado. O curso da doença é bastante variável, sendo que alguns pacientes apresentam ceratocone incipiente ou leve e mantêm-se estáveis por anos, enquanto outros progridem rapidamente.
Em alguns casos selecionados, temos a opção de realizar o Crosslinking. Este procedimento consiste na aplicação combinada de radiação ultravioleta e riboflavina (vitamina B2), que tem o objetivo de fortalecer as ligações covalentes entre as fibras de colágeno presentes na córnea, evitando a progressão da doença.
Quando há falha do tratamento clínico, as possibilidades cirúrgicas são implante de anel intraestromal e, nos casos mais avançados, transplante de córnea, que pode ser total (transplante penetrante) ou parcial (transplante lamelar anterior profundo).