O QUE É CERATOCONE?
O ceratocone é uma doença oftalmológica que afeta a córnea, a parte transparente do olho. A origem exata do ceratocone é incerta, porém se sabe que uma história familiar positiva ou alergia nos olhos são fatores que aumentam as chances de uma pessoa desenvolver a doença.
O ceratocone é uma doença progressiva, que pode levar a uma deterioração da visão de ambos os olhos, afetando até mesmo a capacidade do paciente ler, dirigir e exercer suas atividades rotineiras.
A córnea normalmente tem uma forma esférica e é formada por centenas de camadas ligadas entre si por fibras de colágeno. No ceratocone essas ligações de colágeno entres as camadas da córnea se enfraquecem, levando a um afinamento e relaxamento progressivo do tecido e consequente deformação, a qual passa a ter o formato menos esférico e mais parecido com um cone (a palavra ceratocone vem do Grego – kerato: cornea; konos: cone) *Fonte: Alcon
Diagnóstico
O diagnóstico preciso da doença é obtido pelo oftalmologista usando exames de imagem, tais como, topógrafos e tomógrafos corneanos. É comum o ceratocone afetar os olhos de maneira assimétrica, ou seja, pode primeiramente ser diagnosticado em um dos olhos e somente mais tarde no outro.
Fatores de Risco
Fatores de risco para o ceratocone incluem: esfregar os olhos, histórico familiar desta patologia, predisposição genética, algumas desordens sistêmicas como Síndrome de Down, alergia ocular, doença do tecido conectivo e uso de lentes de contato rígidas mal adaptadas por longo período de tempo.
Estudos indicam que 50% dos membros de uma mesma família podem apresentar a doença. Mas, o ceratocone também pode ocorrer sem que nenhum outro membro da família seja afetado. A doença é bilateral em 90% dos pacientes.
Sintomas
Nos estágios iniciais, os sintomas se assemelham com a necessidade de usar óculos. À medida que a doença progride, a visão se deteriora, a acuidade visual torna-se prejudicada em todas as distâncias e a visão noturna é muitas vezes a mais comprometida. Algumas pessoas desenvolvem fotofobia (sensibilidade a luz), cansaço visual após a leitura ou coceira nos olhos. Geralmente há pouca ou nenhuma sensação de dor. Em relação a visão, o ceratocone pode causar substancial distorção, gerando sombras em torno das imagens.
Conheça os tratamentos que podem retardar ou impedir a evolução do quadro de Ceratocone, como também procedimentos para melhorar a qualidade da visão seja através de óculos e LENTES DE CONTATO, CIRURGIA DE CROSSLINKING, IMPLANTES DE ANEL INSTRAESTROMAL ou ainda, pelo TRANSPLANTE DE CÓRNEA.
CROSSLINKING DE COLÁGENO
Até poucos anos não havia uma maneira bem sucedida de interromper a evolução do ceratocone. Um tratamento baseado no aumento das ligações transversais (crosslinking) do colágeno corneano, através dos raios ultravioleta A (UVA 365 mm) e da riboflavina (vitamina B2), foi lançado recentemente. Estre tratamento muda as propriedades biomecânicas da córnea, aumentando sua resistência em cerca de 300% e mostrou-se capaz de deter a evolução do ceratocone em numerosos estudos em todo o mundo.
O tratamento é realizado em regime cirúrgico ambulatorial e dispensa internação. Geralmente cada olho é tratado pelo oftalmologista uma única vez.
O objetivo do crosslinking é reduzir ou mesmo eliminar a evolução da doença e assim, evitar a necessidade do transplante de córnea.
ANEL INSTRAESTROMAL (anel de Ferrara)
Consiste na implantação de um dispositivo de formato circular que tem o a função de alterar o formato da córnea permitindo uma maior regularidade. Apesar de não ser um procedimento com foco em correção do grau, em muitos casos é possível ter redução do grau de astigmatismo e/ou miopia. As técnicas cirúrgicas mais modernas utilizam tecnologia à laser (femtosegundo) para auxiliar o cirurgião no implante dos segmentos dos anéis intraestromais.
TRANSPLANTE DE CÓRNEA (PENETRANTE, LAMELAR, ENDOTELIAL)
O transplante de córnea é indicado às pessoas que não possuem a transparência da córnea, têm alteração na curvatura ou uma doença em uma das camadas da córnea, gerando inchaços. No caso da transparência da córnea, quando a visão não é corrigida com uso de óculos ou lentes de contato, então o transplante é realizado.
A córnea é um tecido, de formato circular e com aproximadamente 12mm de diâmetro e menos de 1mm de espessura. O tecido, para ser saudável, deve ser totalmente transparente e com uma curvatura adequada para realizar o processo de refração dos raios de luz. Fazendo uma analogia ao relógio de pulso, a córnea seria o vidro transparente.
Transplante de Córnea Penetrante, Lamelar e Endotelial
O transplante de córnea penetrante consiste na substituição de todas as camadas do tecido corneano. No entanto, com o avanço da tecnologia aliada a progressivas melhorias nas técnicas cirúrgicas ao longo dos anos, nos permitimos hoje oferecer aos pacientes procedimentos mais modernos.
Os chamados transplantes de córnea lamelares consistem na remoção e substituição apenas das camadas corneanas afetadas, preservando o tecido sadio do paciente. Entre eles, o transplante de córnea endotelial (conhecido por siglas como DSAEK e DMEK) tem apenas a fina camada interna da córnea substituída e o transplante de córnea lamelar anterior (conhecido pela sigla DALK) tem a porção anterior da córnea substituída, poupando o tecido posterior saudável. São inúmeras as vantagens dos transplantes parciais frente aos transplantes de espessura total, entre elas, recuperação visual mais rápida, menor taxa de rejeição e complicações no período pós-operatório.
Transplante e pós-operatório
Um transplante de córnea tradicional envolve 16 pontos de sutura, com fios mais finos que um fio de cabelo. O ponto é removido ao longo dos meses seguintes, a partir do segundo ou terceiro mês, chegando a um ano em alguns casos. Durante o período pós-operatório a maioria dos pacientes utiliza apenas medicações na forma de colírios, não necessitando medicações orais.
O procedimento, assim como dos demais órgãos, só é possível por meio da doação espontânea, que consiste na autorização dos familiares de um paciente em que foi confirmada a morte encefálica. Feita a autorização, os pacientes que estão na fila de espera por uma córnea são acionados para o procedimento cirúrgico de transplante. Diferentemente dos transplantes de órgãos sólidos, como por exemplo rim, fígado e coração, o tecido corneano não necessita de compatibilidade entre doador e receptor.
O Estado de Santa Catarina possui uma das maiores taxas de doação de órgãos e tecidos do Brasil e do mundo.